O Colégio de Gestores de Comunicação (Cogecom) da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) divulgou nesta segunda-feira (11) resultados de uma pesquisa sobre as ações de enfrentamento à Covid-19 realizadas pelas universidades federais brasileiras. O levantamento traz dados como número de leitos disponibilizados, volume de de álcool em gel distribuído, quantidade de equipamentos de proteção individual (EPI) produzidos, número de testes realizados e pesquisas científicas desenvolvidas. O estudo foi respondido por 46 instituições de ensino superior do país, entre as quais a Universidade Federal do Paraná (UFPR).
O levantamento, que será atualizado constantemente pela entidade, resultou em uma amostra significativa de atividades de ensino, pesquisas e extensão voltadas para o enfrentamento emergencial da pandemia no Brasil. Das 67 instituições federais de ensino superior (Ifes) brasileiras, as que não participaram ainda poderão disponibilizar as informações e os dados serão atualizados. O presidente da Andifes e reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), João Carlos Salles Pires da Silva, em conjunto com membros da diretoria executiva, anunciou os dados preliminares da pesquisa em uma coletiva de imprensa feita remotamente.
Formas como a UFPR tem ajudado a sociedade durante a pandemia de Covid-19: produção de álcool e EPIs, leitos exclusivos em hospitais-escolas e campanhas de conscientização. Imagens: Acervo Pessoal, Reprodução e Samira Chami Neves/Sucom-UFPR, 22/6/2016
Segundo o vice-presidente da Andifes e reitor da UFPR, Ricardo Marcelo, cabe destacar a importância das universidades públicas em defesa da cidadania brasileira e o caráter fundamental da ciência para o enfrentamento desta pandemia. “As universidades públicas são um patrimônio do conhecimento brasileiro e sempre respondem ao chamado de contribuir com a sociedade”, disse.
Hospitais
De acordo com o levantamento, os Hospitais Universitários do país estão disponibilizando 2.228 leitos normais para tratamento da pandemia e 489 leitos de UTI, sendo que o número total inclui leitos próprios e outros viabilizados em parcerias para a construção e a operacionalização de hospitais de campanha. Há 823 pesquisas pesquisas sobre coronavírus em andamento nas Ifes e 96 ações de produção de álcool e produtos sanitizantes, sendo produzidos até o momento 992.828 litros de álcool gel e 912 mil litros de álcool líquido. Houve 104 ações de produção de EPIs, sendo produzidos, até o momento, 162.964 protetores faciais, 85.514 máscaras de pano, 20.200 unidades diversas, 6 mil aventais e 2 mil capuzes.
Já as ações de testagem do coronavírus chegam a 53, com número incipiente de 2.600 testes diários e de 55.001 testes realizados. Até o momento foram feitas 697 campanhas educativas e 341 ações solidárias. Além disso, a pesquisa ainda mostrou que foram desenvolvidas 287 outras ações expressivas. As Ifes realizaram 198 parcerias com prefeituras e 79 com governos estaduais.
Respostas
Segundo o presidente da Andifes, João Carlos Salles Pires da Silva, o levantamento teve como intuito, destacar o volume das respostas das Ifes durante o período de pandemia. “As universidades públicas, assim como o Sistema Único de Saúde (SUS), têm conseguido dar as respostas mais eficazes nesse momento. Evidentemente que estão atuando com as condições que têm. Estamos sofrendo uma defasagem orçamentária que, se não houvesse, possibilitaria respostas mais robustas. Elas estão respondendo a tudo isso com uma seriedade imensa, que pode ser observada a partir dos números apresentados.”
De acordo com Silva, há também ações apoiadas pela Secretaria da Educação Superior (Sesu). “Foi feita uma chamada específica pela Secretaria que colocou um montante na ordem de, aproximadamente, R$ 180 milhões para serem investidos em algumas ações. Esse chamamento foi lançado e algumas universidades que já tinham previsão de apoio a ações de combate à pandemia foram contempladas.”
Pesquisas
Sobre a evolução e o estágio das pesquisas desenvolvidas pelas Ifes, a reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Lúcia Pellanda, destacou que há uma grande variedade de iniciativas pelo Brasil. “Há 823 pesquisas pesquisas em andamento. Basicamente está sendo feita a identificação do genoma viral, o que permite depois se estabelecer uma vacina. Outros grupos estão trabalhando em sistemas informatizados para detecção de casos. Há iniciativas buscando maneiras de se realizar testes com custos mais baixos”, explicou.
O papel dos Hospitais Universitários no enfrentamento à Covid-19 também foi destacado no levantamento. Segundo o presidente da Andifes, o sistema das universidades federais, que é referência em diversas áreas, está impactado pelo colapso do SUS devido à pandemia. “Todo o sistema sofre com este impacto, não somente com relação ao novo coronavírus, mas na dedicação a outras doenças.”
O reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, lembrou que os hospitais universitários, que são inseridos dentro do SUS, têm a missão de fazer atendimentos de média e alta complexidade, tendo um papel de destaque no cuidados de outras doenças. “Mesmo em meio à pandemia, é importante que se mantenha a lógica do SUS, visto que as outras doenças continuam acontecendo. Nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, a mortalidade relativa a outras doenças aumentou também porque o sistema ficou sobrecarregado com a pandemia. Então, às vezes, o número de leitos disponibilizados pelos hospitais universitários não dá a total dimensão da relevância de se manter o atendimento de média e alta complexidade de outras doenças.”
Calendário
Outro ponto de destaque na coletiva foi o calendário acadêmico e o planejamento das instituições para a retomada das atividades presenciais. “Voltar significa assumir responsabilidades, ter planos precisos. Não se volta de qualquer maneira. Nossos espaços presenciais talvez não estejam todos eles preparados para oferecer as condições de higienização necessárias para uma situação como esta. Terá que ser pensado um planejamento para garantir que o retorno não signifique afrouxar as medidas sanitárias devidas e favorecer uma nova onda da disseminação do novo coronavírus. Mas cada universidade é autônoma para decidir essa questão”, afirmou Silva.
Para o presidente do Cogecom, Márcio Guerra, a pesquisa realizada é muito importante pois oferece a oportunidade da Andifes divulgar para todo o país o quanto as universidades públicas têm trabalhado. “Demonstra o quanto são necessárias e importantes e quanto o povo brasileiro tem podido contar com elas nesse momento de pandemia. Em relação à UFJF, esses dados são mais expressivos ainda. Mostram como a Universidade fez e está fazendo nesse momento da crise que a sociedade brasileira está passando. Tenho muito orgulho, como presidente do Cogecom e como diretor de Imagem Institucional da UFJF, de divulgar esses números.”
Dados da UFPR
Hospitais universitários
Os hospitais universitários da UFPR disponibilizaram 38 leitos de UTI e 30 leitos de Enfermaria para uso exclusivo durante a pandemia.
Produção de álcool
A UFPR tem produzido álcool em vários departamentos e unidades, na capital e no interior do Paraná. Já foram feitos cerca de mil litros de álcool na forma de gel e 15 mil litros de álcool 70 na forma líquida desde março. O material foi entregue a hospitais, clínicas, unidades municipais e outros agentes de saúde.
Produção de EPIs
Já foram produzidos mais de 4,5 mil protetores faciais em impressoras 3D, envolvendo também diversos departamentos da UFPR. Estes materiais foram doados a diversas unidades entre hospitais e agentes de saúde em geral.
Testagem de coronavírus
Está sendo realizada testagem por PCR em pacientes com sete dias do início dos sintomas e teste rápido sorológico após os sete dias do início dos sintomas. Saiba mais aqui.
Campanhas educativas
Fora as voluntárias, difíceis de serem contabilizadas, foram mais de 15 oficiais, através de programas de TV , posts específicos nas redes sociais e conteúdo no Portal da UFPR.
Ações de solidariedade
Cinco registradas, mas muitas outras voluntárias.
Parcerias com os municípios
A UFPR ajuda no atendimento hospitalar. Também uma parceria com a Defesa Civil tem viabilizado produção e distribuição de álcool gel para hospitais e outras unidades essenciais, como Samu, por exemplo.
Parcerias com o governo estadual
A universidade teve aprovados dois projetos de combate à Covid-19 com a Fundação Araucária (estadual).
Convênios com outras instituições
Por meio de convênio com o Ministério Público do Trabalho, a UFPR tem contado com recursos de multas aplicados pelo órgão e com doações em dinheiro para produção de EPIs. O convênio foi intermediado pela Fundação de Apoio à UFPR (Funpar).
Lista de universidades participantes da pesquisa: UFPR, UFJF, UFRN, UFCSPA, Cefet-MG, UFV, UFBA, UFU, Unifal, UFPI, UFJ, UFMS, UFRRJ, UFMA, UFRB, UFPB, UFOB, UNILA, Unipampa, UFRGS, UFSB, UFSC, UFF, UTFPR, UFMT, FURG, UFRPE, UFPel, UFABC, Unifesspa, Cefet-RJ, UFERSA, UFRA, UFOP, UFMG, UFM, UFPE, UFRJ, Unifesp, UFFS, UFLA, UFSM, UFES, UFSCar, UFTM e UFG.
(Com informações do Colégio de Gestores de Comunicação – Cogecom -, da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – Andifes)
Acesse os dados preliminares da pesquisa neste link
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