Povos e Comunidades Tradicionais do Paraná participam nestes dias 19 a 21 do Curso de Extensão de Cartografia Social: Uma Ferramenta para o Fortalecimento Identitário e a Mobilização Social. Além deles, estarão presentes universitários e pesquisadores da UFPR, IFPR, UNICENTRO, UDESC, UFSC e do Governo Estadual. O curso é realizado no auditório da Administração no Centro Politécnico da UFPR.
Entre os povos tradicionais estão Faxinalenses, Ilhéus, Benzedeiras, Religiões de Matriz Africana, Cipozeiros, Quilombolas e Indígenas. O objetivo é que eles se apropriem da metodologia da Nova Cartografia Social, para que possam utilizá-la como ferramenta para defender sua cultura. Além disso, o curso pretende aproximar os universitários e pesquisadores dos principais conflitos enfrentados por esse grupos, visando a integração das novas tecnologias e do desenvolvimento intelectual com a realidade das comunidades tradicionais.
Donizeti Giusti, Diretor do Setor de Ciências da Terra, abriu o evento lembrando que “a Cartografia Social nunca esteve tão evidente e foi tão necessária quanto agora”. Segundo ele, que viveu na zona rural durante a infância e adolescência, todas as questões ambientais, sociais e econômicas que estão sendo discutidas pelas empresas e pela mídia já são pensadas e praticadas naturalmente dentro das comunidades.
Antonio Tavares Irmão, da Ilha Grande, em Guaíra, lembrou que “o ilhéu faz de tudo, vive e convive com a natureza, é pescador, extrativista, planta, colhe, cria, cuida e preserva”. Maria Rosa Martins, também de Ilha Grande, contou que a sobrevivência ficou muito difícil depois que decretaram a área como Parque Nacional. “Nós estamos sendo espremidos, é sempre uma luta para conseguir qualquer direito, mal plantamos para sobreviver e a pesca não é suficiente para o sustento”. Para Maria, o primeiro módulo do curso, em fevereiro, trouxe informações que os ajudou a conhecer seus direitos “é muito importante conhecer as leis que nos amparam, sem esse conhecimento ficava mais difícil nos defendermos”.
O Curso de Cartografia Social é uma iniciativa da UFPR, do Projeto Nova Cartografia Social e da Rede Puxirão. No primeiro módulo do curso foram trabalhadas as práticas necessárias à elaboração de fascículos e mapeamentos sociais, noções de foto, filmagem e coleta de entrevistas, segundo a metodologia da Nova Cartografia Social. Os debates envolveram os conflitos socioambientais enfrentados pelos povos e comunidades tradicionais.
Neste segundo módulo os participantes terão noções de GPS e prática de campo para elaboração de mapas. Haverá ainda o debate sobre a Proposta da Política Estadual de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais do Paraná com o Governo Estadual, representado pela Secretaria Especial de Relações com a Comunidade (SERC), pela Secretaria de Estado da Educação (Seed), e pelo Ministério Público Estadual (MPE). A professora do Departamento de Ciências Sociais, Maria Tarcisa Silva Bega, especialista em Políticas Públicas, vai participar do debate. Na sexta-feira (20) pela manhã, o evento contará com a participação de Henri Acselrad (IPPUR – UFRJ), retratando a realidade da Guerra de Mapas, os Conflitos Sócioambientais, a Biodiversidade e Territórios em Comunidades de Povos e Comunidades Tradicionais, alem de debatedores da UFPR, UDESC, UFSC e Rede Puxirão.
Nesta quinta-feira (19) no período da noite, será Lançado o 5º Fascículo da Nova Cartografia Social, serie Povos Faxinalenses do Sul do Brasil: “Faxinalenses do Núcleo Metropolitano Sul de Curitiba”. Pesquisa realizada pela Articulação Puxirão dos Povos Faxinalenses, Núcleo Região Metropolitana, Universidade Federal do Paraná e Projeto Nova Cartografia Social.