Comunidade manifesta apoio à UFPR em abraço simbólico. Foto: Marcos Solivan.
“Precisamos desmistificar as desinformações que têm circulado a respeito das universidades. É necessário mostrar a causa das universidades públicas que é suprapartidária, sem cor, pelo
“Precisamos desmistificar as desinformações que têm circulado a respeito das universidades. É necessário mostrar a causa das universidades públicas que é suprapartidária, sem cor, pelo Brasil e pelo futuro”. Foi assim que o reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Marcelo Fonseca, abriu o Ato em Defesa da Educação que reuniu estudantes, professores, servidores técnico-administrativos, egressos e comunidade em geral no Teatro da Reitoria nesta sexta-feira (17). A ação integrou a semana de mobilizações organizada pela UFPR em defesa das universidades públicas brasileiras e contra os cortes de recursos feitos pelo Governo Federal.
Fonseca disse que existem cinco falácias que vêm sendo perpetuadas no discurso da sociedade com relação às universidades e que precisam ser desmistificadas: os números orçamentários; a ineficiência; a falta de transparência, a oposição à educação básica; e o lugar de elites. Expondo o orçamento total e o descentralizado em números e de forma clara, ele reforçou que os cortes inviabilizam o funcionamento da instituição no segundo semestre e, ao citar as bases legais, o afirmou que a UFPR foi uma das primeiras instituições do Brasil a disponibilizar seus gastos na internet.
“De todo o conhecimento e as pesquisas do Brasil, 95% são produzidos pelas universidades públicas”, salientou mais uma vez, evidenciando, ainda, que a mesma porcentagem referente às pesquisas sobre grafeno, temática em pauta no momento, também se encontra nas universidades públicas. “É um equívoco opor a educação básica à educação superior e dizer que o aumento de investimento em uma área deve ser feito às custas dos cortes de outra. O incentivo na educação deve ser global”, afirmou ao legitimar a união das educações básica e superior.
Com relação ao público das universidades, Fonseca apresentou dados de recentes pesquisas demonstrando que 70,2% dos estudantes das federais possuem baixa renda. “A nossa universidade tem cada vez mais a cara do povo brasileiro e é assim que deve ser”.
Comunidade
Para reforçar o discurso e o posicionamento enfatizado desde o anúncio dos cortes, diversos representantes de importantes setores da instituição subiram no palco para defender a UFPR e as universidades públicas brasileiras.
O professor Aldo José Gorgatti Zarbin, titular do Departamento de Química da UFPR e integrante da Royal Society of Chemistry, é um dos mais renomados pesquisadores do grafeno no Brasil e representou os cientistas e professores. “Não há outro caminho para riqueza e para atingir a soberania do País do que o investimento maciço em ciência, em tecnologia e em educação”.
Zarbin sinalizou também a importância da união entre aqueles que entendem a educação como fundamental. “Precisamos nos unir, independentemente de cores políticas, de pele, sexuais ou de time de futebol. Quero continuar ensinado o que eu sei em uma universidade pública e quero continuar aprendendo o mundo que ainda não sei dentro dela. Pretendo fazer com que o único caminho para diminuir a desigualdade do País continue existindo”.
Os estudantes defenderam as universidades e a instituição em que estudam e as suas semelhantes. O diretor do Diretório Central Acadêmico (DCE), Rennan Gardoni, convocou a comunidade discente a levar a alma das universidades às ruas. “Nós, estudantes, somos a linha de frente da ciência, da inovação, da cultura, da tecnologia e do conhecimento do Brasil”.
Dione Aguiar, representante dos estudantes de pós-graduação, pediu para que seus pares não desistam de defender as universidades públicas e a ciência brasileira e que a comunidade externa some a esta luta. “Os cientistas buscam melhorar a qualidade de vida da população, contribuir com o desenvolvimento econômico e tecnológico do País e com preservação do meio ambiente. São essas pesquisas que fomentam o crescimento do País”.
Além dessas manifestações, explanaram contra os cortes e em defesa das universidades públicas o presidente da Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR), Paulo Vieira Neto, o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior no estado do Paraná (Sinditest-PR), Daniel Mittelbach, e as representantes dos setores de Ciências Humanas e Jurídicas da UFPR, Lígia Negri e Vera Karam de Chueiri. Ao longo do ato, também houve leitura de um poema de autoria discente, apresentação da bateria acadêmica e, ao final, um abraço coletivo na mandala do pátio da reitoria, simbolizando o abraço à UFPR e a todas as universidades públicas brasileiras.
Semana de mobilizações
Na segunda-feira (13), o reitor Ricardo Marcelo Fonseca recebeu senadores e deputados federais paranaenses para uma reunião sobre os cortes dos recursos da instituição.
Estudantes saíram às ruas de Curitiba e do interior do estado, na terça-feira (14), para apresentar projetos, pesquisas e atividades desenvolvidas pela UFPR.
A Praça Santos Andrade recebeu a mobilização, na quarta-feira (15), com a participação de entidades representativas, movimentos sociais e comunidade acadêmica.
Na quinta-feira (16), os grupos artísticos da UFPR levaram uma série de atividades culturais às ruas da capital paranaense que contemplou música clássica, teatro na praça, espetáculo de dança ao ar livre e visita ao museu.